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dois clichês

Vivemos diversos clichês humanísticos no decorrer da vida, afinal não nos resta outra opção a não ser passar pelas coisas que diz respeito à humanidade - ao Ser e ao Estar. Os clichês são quase sempre bem divididos em recortes sociais, de gênero, sexo, geográficos, de cor, tamanho, porcentual de gordura corporal, renda, entre infinitas exceções que acontecem em cada um deles. O clichê que agora me pega são, na verdade, dois: A insônia e a falta de uma parte da almA que há um tempo grita pra ser resgatada, mas não sei ao certo onde perdi, então fica muito difícil procurar. Sei o contexto num geral : um sonho e a realização de uma ambição que por motivos diversos teve que acabar e toda a energia que coloquei em tal vivência e tal projeto se dissipou numa sentada mal conversada entre eu+4. Agora… em qual dos momentos de pico de estresse, frustração e sensação de solidão - numa situação que eu estava muito bem acompanhada de certa maneira - a parte que me é mais vital foi perdida, não sei. Eu sempre tive uma coisa que queimava dentro e que se espalhava pra fora com muita facilidade, mas hoje eu não sinto nada ao fazer qualquer coisa que seja. O reconhecimento de realização qualquer nem existe - e olha que recentemente realizei diversas coisas com novas parcerias -. Perdi toda minha vontade, aquela garra, aquele sangue que corria num fluxo na direção certa e que me movimentava. | agora, inclusive, faço paralelo entre esse sangue que corria certo e a endometriose - que é basicamente sangue correndo pro lado errado - que descobri há pouco tempo quando em mais um dos diversos procedimentos médicos-urgentes que eu tive que passar, abriram e estufaram minha pelves pra retirada de inflamações e outra bacteriazinha chata que me importunava desde quando interrompi aquilo que eu talvez deseje, mas na hora não desejava, e agora já não sei se posso desejar - ou se quero mesmo- mais porque o que foi arrancado impede o processo natural da reprodução humana | Enfim. Acabo de pensar na frase mais genial e mais usada nos clichês diversos : algo me falta e esse algo sou eU. Eu porque faz parte da essência e de como me conheço desde que nasci. Aquele foguinho impulsivo sim, às vezes mei atrapalhada, me atropelo, passo perrengue, mas eu sei bem pra onde eu quero ir, só esqueço o repelente e um pouco de dinheiro a mais, mas sempre sei pra onde vou. /uma breve reflexão sobre a palavra “eu” : não tem letras femininas. Terei algum dia que criar outra pra me referir a mim mesmA/

Ano passado passei por diversas terras, com histórias tantas e todas ricas. Todas cheias de natureza ao redor, todas bem mais seguras do que minha terra-mãe, mas que me davam mais medo de qualquer jeito seja por causa da lingua estranha, porque sou uma “brasileira safada”, uma imigrante… Mas essas terras todas, inclusive umas bem perto da minha casa atual, me ensinaram algo que é bem diferente também de tudo que sempre almejei : a calma, o tempo, a não-necessidade de provar nada pra ninguém em nenhum momento. A competição que - de uma maneira ou outra - é bem menor. Cidades mais vazias, espaço pra cabeça, o frio que bate na janela e o aquecedor dentro de casa. O sol se pôr antes das 4pm não me agrada, mas saber que ali do lado tem um lago limpo, um bosque, me deu vontade de buscar uma vida mais pacata, mais distante disso que eu estou acostumada e isso vai contra a vida que, até então, eu tinha planejado tim-tim por tim-tim. De qualquer maneira isso não deveria atrapalhar minhas ações no plano físico pra realização de seja la o que for. Quando paro pra pensar - obrigada Deus? - eu tenho tudo bem ao meu alcance, falta só um pouco de força de vontade. Na verdade a força até ta aqui, a vontade é que me falta. Tem aquele lugar que a gente visita de vez em quando dentro da gente - que sempre falo e esses dias li sobre o mesmo lugar no texto de um outro que deu uma passadinha pela minha intimidade -. É pra lá que acho que preciso ir. Engraçado que agora pouco ouvi um podcast no youtube - algo que até semana passada me ajudava a dormir - e falava pra eu achar meu animal pra resgatar a parte da minha alma perdida. O animal me surpreendeu, mas aí lembrei que é o único que faz sentido, pois já vi no mesmo lugar que me enxergava entrando nos devaneios diversos que eu tinha durante o período da quarentenA. Pedi pra ela - a animala - ir lá buscar a parte que me falta, mas na minha visão ela ficava andando em círculos. Que cena horripilante, né? Se no mundo espiritual até a coisa não se resolve e só se repete, imagina aqui embaixo. Penso então que deveria aceitar a proposta da minha mãe de ir em outrA bruxA, tomar banhos de ervAs e regAtar a AlmA que me fAltA.

E o outro clichê, a insônia, não to sabendo como resolver. Quando eu deito, me desperto, se começo a fazer qualquer coisa me sonolenta.

Vive em mim uma insegurança imensurável, mas vive também o oposto total dela. Esse equilíbrio anda bem, só não posso me deixar prender em uma situação que foi importantíssima e gratificante e não seguir com nada que eu tenho criado e conquistado. Porra, um dos meus mantras é : entender que Sou arte e vario. Não ando variando nem produzindo nada que diga respeito à criações num geral - ou to presa na ilusão de não estar, realmente. Como já comecei a me repetir, assim como fez a animala na minha frente, encerro com um pensamento : Ainda bem que mesmo que eu ande sentindo essa falta de tudo, ainda consigo acessar partes de outras pessoas presencialmente ou não. O bom da arte é que é imortal, mesmo morta-viva como estive nos últimos dois anos eu broto coisas. Uma das melhores lembranças de 2019 é um cara vindo pra mim depois de um show numa cidade que nunca tinha nem pensado em ir e falar que sentiu as mãos dele quente, como se eu estivesse o curando.

Bora.

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apesar de ter avançado muito no aprendizado do tempo e tudo que o cerca, ainda me incomoda momentos específicos onde queria apagar um pouco, ja que esse tempo seria apenas de contemplação. contemplar

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